sábado, 6 de dezembro de 2008




Music

A música é um dos principais elementos da nossa cultura. Há indícios de que desde a pré-história já se produzia música, provavelmente como conseqüência da observação dos sons da natureza. É de cerca do ano de 60.000 a.C. o vestígio de uma flauta de osso e de 3.000 a.C. a presença de liras e harpas na Mesopotâmia.

No panteão grego, por exemplo, Apolo é a divindade que rege as artes. Por isso vemos várias representações suas, nas quais ele porta uma lira. Vale lembrar que na Grécia Antiga apenas a música e a poesia eram consideradas manifestações artísticas da maneira como as compreendemos atualmente.

Música é uma palavra de origem grega - vem de musiké téchne, a arte das musas - e se constitui, basicamente, de uma sucessão de sons, entremeados por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo de um determinado tempo.

Assim, é uma combinação de elementos sonoros que são percebidos pela audição. Isso inclui variações nas características do som, tais como duração, altura, intensidade e timbre, que podem ocorrer em diferentes ritmos, melodias ou harmonias.
Características dos sons
Em música, a duração de um som está relacionada ao tempo, mas não como ele é medido, por exemplo, em um relógio. A relação entre o tempo de duração das notas musicais e o tempo das pausas cria o ritmo.

Altura é a forma como o ouvido humano percebe a freqüência dos sons. As baixas freqüências são percebidas como sons graves e as mais altas como sons agudos, ou tons graves e tons agudos. Tom é a altura de um som na escala geral dos sons.

Intensidade é a percepção da amplitude da onda sonora. Também é chamada, freqüentemente, de volume ou pressão sonora.

O timbre nos permite distinguir se sons de mesma freqüência foram produzidos por instrumentos diferentes. Por exemplo, quando ouvimos uma nota tocada por um saxofone e, depois, a mesma nota, com a mesma altura, produzida por um trompete, podemos imediatamente identificar os dois sons como tendo a mesma freqüência, mas com características sonoras muito distintas.

Tipos de instrumentos musicais

• Instrumentos de sopro: podem ser feitos de madeira, como, por exemplo, a flauta, o clarinete, o saxofone, o fagote e o oboé, embora algumas vezes possuam metal e plástico em sua composição.

Os instrumentos de sopro de madeira se distinguem dos instrumentos de sopro feitos de metal pela forma como o som é produzido: pela vibração do ar em um tubo oco. O ar vibra soprando-se no bocal - no caso da flauta -, ou através de uma palheta simples - no clarinete e no saxofone -, ou de uma palheta dupla - no caso do oboé e do fagote.

Os instrumentos de sopro feitos de metal são produzidos com latão e o som nasce da vibração dos lábios do músico no bocal, o que faz com que o ar vibre dentro do tubo. Nesse grupo encontramos o trompete, o trombone, a corneta, a trompa e a tuba.
• Instrumentos de corda: o som é produzido pela vibração de uma ou mais cordas esticadas, através de fricção (violino, violoncelo, contrabaixo) ou de dedilhado (harpa, lira, violão, guitarra).
• Instrumentos de teclas: o som é produzido por meio de um teclado que faz vibrações no ar (órgão de tubo) ou em cordas (piano). Uma curiosidade: a parte interna de um piano possui um mecanismo com mais de 6.000 peças - cada tecla aciona um martelo revestido de feltro que bate numa corda de aço, produzindo um som.
• Instrumentos de percussão: os sons são produzidos percutindo, sacudindo, raspando ou batendo um elemento contra o outro. São exemplos de instrumentos de percussão: xilofone, vibrafone, gongo (ou tantã), triângulo, címbalo, castanholas, claves, maracas e tambores.
Os tambores consistem em uma pele ou um plástico esticados sobre uma ou duas molduras. Podem ser divididos em três grandes grupos, de acordo com sua forma: fuste estreito (pandeiro), semi-esféricos (timbales) e cilíndricos (conga). Podem ser tocados utilizando-se as mãos, baquetas, escovinhas ou varetas de ferro.
• Instrumentos eletrônicos: geram sinais eletrônicos que são amplificados e convertidos em sons. Por exemplo: teclado, sintetizador, bateria eletrônica, sampler etc.

Dicas de livros
• A música dos instrumentos - das flautas de osso da pré-história às guitarras elétricas. São Paulo, Melhoramentos, 1994.
• Dicionário visual de música. Susan Sturrock, São Paulo, Global, 2000.
• Todo povo tem a sua música
• Valéria Peixoto de Alencar*




• Povos do mundo todo produziam música muito antes das primeiras orquestras, surgidas durante o barroco europeu, no século 16, e mesmo muito antes do século 11, quando Guido d'Arezzo criou a notação musical da forma como a estudamos até hoje. Feitas para cerimônias religiosas ou festivas, essas primeiras músicas, de diferentes culturas, nos influenciam até os dias atuais.

Vários mitos africanos, asiáticos e americanos narram como os deuses inventaram os instrumentos musicais, durante a criação do mundo. Ainda hoje, para alguns povos, os instrumentos têm poderes sobrenaturais e permitem que os homens se comuniquem com seus ancestrais ou com os próprios deuses.

Quando pensamos em músicas antigas, logo vem à mente a música clássica, as orquestras e seus instrumentos requintados. Dificilmente paramos para pensar na produção musical de povos indígenas, africanos, orientais... Isso talvez ocorra porque temos uma formação artística e musical proveniente do neoclassicismo, que, durante longo tempo, ignorou outro tipo música que não fosse a erudita.

• África
• É preciso salientar, primeiramente, que, ao falarmos de um grande continente, com povos muito diversos, corremos o risco de fazer generalizações. Ou seja, seria o mesmo que dizer que a música brasileira é apenas o samba. E isso vale para todos os lugares e culturas de que falaremos aqui.

No caso da África, nos referimos aos povos da região subsaariana e aos elementos da musicalidade que vieram até nós, trazidos pelos escravos. Um dos elementos principais da música africana é o instrumento de percussão.

Na África central, podemos encontrar um elemento comum entre as diversas tradições musicais: tambores, de todos os tipos e tamanhos. Desde cedo as crianças aprendem a tocar e cantar, pois a música é parte do cotidiano, utilizada para celebrar casamentos e nascimentos, para curar doenças e para acompanhar o trabalho.

A cultura brasileira sofreu enorme influência da africana. No que se refere à música, além dos tambores utilizados em rituais religiosos, os escravos trouxeram ritmos como a umbigada e o maxixe, que deram origem ao samba.

• Oriente Médio
• Berço das religiões cristã, judaica e islâmica, o Oriente Médio é a região em que se desenvolveram as primeiras grandes civilizações de que temos notícia: Suméria, Assíria, Babilônia e Egito. É lá que encontramos os antecedentes de instrumentos modernos, como o violino, o oboé e o trompete.

• Índia
• Dó, ré, mi, fá, sol, lá e si: estas são as sete notas musicais que conhecemos. E a partir delas construímos as escalas e fazemos música em qualquer momento, certo? Sim, mas não na Índia.

A música clássica indiana mais conhecida provém da Região Norte desse país. Ela se baseia numa complicada série de escalas chamadas ragas, cada uma destinada a uma situação, a uma hora do dia ou estação do ano em particular. Existem mais de 200 ragas diferentes. Para tocar esse tipo de música, com seu complexo padrão de notas e ritmos, o músico tem que se dedicar a muitos anos de estudo.

• Extremo Oriente
• Região formada por países de tradições musicais milenares, grande parte de sua música era escrita para danças da corte ou para o teatro. Também há músicas de cunho religioso, com instrumentos de percussão de todos os tipos - tambores, gongos e sinos -, usados para aplacar os deuses e afastar os demônios.

• Oceania e ilhas do Pacífico
• As milhares de ilhas espalhadas pelo Oceano Pacífico possuem uma tradição musical intimamente ligada ao mar, servindo, inclusive, para pedir aos deuses auxílio na navegação.

No passado, os povos que viviam nessa região viajavam de ilha para ilha, levando consigo seus instrumentos - tambores, flautas e apitos. Dessa forma, povoaram as diversas ilhas, como Papua-Nova Guiné e Havaí.

• Américas
• Assim como em todas as regiões descritas até agora, temos que nos lembrar da vastidão do continente americano e da imensa quantidade de povos indígenas que o habitava antes da colonização européia.

Ainda assim, podemos encontrar elementos musicais comuns em muitas culturas. A música, por exemplo, na maioria das vezes era cantada e expressava a crença desses povos nos deuses relacionados à natureza.

No Brasil, alguns mitos narram que a música teria sido um presente dos deuses, entristecidos com o silêncio no mundo dos humanos. Em outras lendas, a criação do mundo se mistura à criação da música. Assim, a música serve para ter contato com os deuses e os ancestrais. Num ritual, um discurso pode acabar em canto - ou vice-versa. Além da voz (canto), temos instrumentos como: chocalhos, guizos, bastões, tambores (percussão), apitos e flautas (sopro) - e zunidores.

• Da Idade Média ao Romantismo

• Todas as pessoas que tiveram algum contato com teoria musical, ainda que pequeno, conhecem as notas musicais e o sistema de notação, um tipo de escrita que pode ser considerado como o texto da música.

E qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, que conheça esses códigos, pode executar a música, tendo em mãos a partitura (um conjunto de notações musicais, impressas ou manuscritas, que mostra a totalidade das partes de uma composição musical).

Esse sistema de notação musical em pautas (conjunto de linhas paralelas para se escreverem as notas) surgiu durante a Idade Média, na Europa, por volta do ano 1000, e foi inventado por Guido d'Arezzo, um monge beneditino.


Exemplo de escala musical

Durante a Baixa Idade Média, a Igreja desenvolveu um tipo de música conhecida como cantochão, inspirada nos antigos cânticos judaicos. Era cantada em uníssono e sem acompanhamento de um instrumento.

Com a invenção de Guido d'Arezzo, a música ocidental afastou-se das tradições do Oriente Médio e desenvolveu a harmonia, isto é, quando duas ou mais notas são escritas para serem tocadas simultaneamente, formando um acorde.

Durante os séculos 12 e 13 é marcante a figura dos trovadores, músicos-poetas que cantavam histórias de amor e cavalaria.

Guillaume de Machaut tornou-se famoso, em meados do século 14, pela harmonia e beleza de suas músicas. Podemos dizer que, pela primeira vez na história, os compositores foram reconhecidos como artistas.

• Música no Renascimento

• O período conhecido como Renascimento é posterior à Idade Média e trouxe a idéia de renovação, ressurgindo os interesses em relação à cultura clássica.

Foi um período de renovação e inovação em diversas áreas da produção humana, e não seria diferente com a música, que era composta por várias linhas melódicas ou vozes, cantadas ou tocadas ao mesmo tempo: a música polifônica.

Nessa época, as igrejas Católica e Protestante apresentaram novas canções aos fiéis, mais fáceis de serem acompanhadas durante as cerimônias. A música não religiosa também adquiriu importância. Aprender a ler e interpretar música fazia parte da educação da aristocracia.


• Música Barroca
• No período barroco a música foi se tornando cada vez mais complexa, exigindo grande habilidade dos executores, dos músicos e dos cantores.

Dentro das características barrocas, a música tornou-se mais dramática, acentuando os contrastes entre forte e fraco, rápido e lento. O italiano Cláudio Monteverdi (1567-1643) é considerado o primeiro grande compositor de óperas, expressão artística que encontrou no barroco um modo perfeito de unir drama e paixão.

Um dos principais compositores de música barroca foi o alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750).


• A música clássica
• É denominada música clássica a produção feita no período seguinte ao barroco, conhecido nas artes visuais como neoclassicismo.

O resgate da estética clássica grega fez com que as pessoas passassem a preferir um estilo de música mais sóbrio e equilibrado. Algumas formas musicais do barroco permaneceram populares e se adaptaram ao novo gosto e aos novos instrumentos. O concerto foi uma forma de adaptação e consiste na apresentação de um instrumento solo acompanhado por uma orquestra.

São importantes compositores desse período o austríaco Wolfgang Amadeu Mozart (1756-1791) e o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827), que compôs uma música mais dramática e com fortes traços pessoais, características que iriam dominar o século 19.


• Música romântica
• Com Beethoven temos uma mudança expressiva em relação ao estilo clássico: é o romantismo, que se voltou a temas como a beleza na natureza e a imaginação. Nesse mesmo período também houve um interesse pela música produzida durante a Idade Média.

Importantes compositores deste período são: Franz Schubert (1797-1828), Hector Berlioz (1803-1869), Frédéric Chopin (1810-1849), Franz Liszt (1811-1886), Richard Wagner (1813-1883) e o compositor de óperas Giuseppe Verdi (1813-1901).


• Dica de site
• Para saber mais sobre a história das notas musicais, visite a página do Departamento de Composição, Literatura e Estruturação Musical da Universidade Federal da Bahia.