quinta-feira, 8 de janeiro de 2009


Estou Feliz!

Chegou até a mim o primeiro livro do Nordic Journal of Music Therapy traduzido pela minha queridissima amiga Tete, com artigos do Mt.Stige(na foto comigo e Alcides).
Perdas e Prevenção da Acuidade Auditiva
Projeto Ciência Viva

(Ministério da Ciência e da Tecnologia - Portugal)

Nas grandes cidades estamos muitas vezes expostos a uma série de barulhos, algumas vezes muito prejudiciais ao nosso sistema auditivo. É conhecido que sons de intensidade superior a 85dB são já considerados de risco. Contudo, é também necessário avaliar os seus efeitos, tendo em conta o tempo de exposição. É que quando o ouvido é "agredido" com uma intensidade de pressão acústica elevada, ele necessita de tempo para recuperar. Se a "agressão" for contínua, o ouvido não repousa, pelo que existe o risco de perda de sensibilidade auditiva.

1. Perdas auditivas:
Geralmente associamos perdas auditivas a pessoas com idade avançada. No entanto, apesar do fator idade ser importante, existem muitas outras causas para além do próprio processo natural de envelhecimento, tais como fatores hereditários e/ou patológicos, ou perdas devidas à exposição prolongada a níveis de intensidades sonoras acima das recomendadas. As perdas devidas ao processo de envelhecimento natural costumam designar-se por presbicusia e resultam da morte gradual de células ciliadas ao longo da vida. Normalmente classificam-se as perdas auditivas nas duas seguintes categorias:

• Perdas condutivas: causadas por uma diminuição da transmissão de energia sonora entre o ouvido externo e o ouvido interno. Este tipo de perdas pode ser provocado por defeitos ou bloqueios na estrutura anatômica do ouvido, por excesso ou falta de pressão no ouvido médio ou por articulações duras ou deslocadas nos ossículos que os impedem de vibrar livremente. Muitas vezes, este tipo de perdas pode ser revertido recorrendo a intervenções cirúrgicas, medicação ou aparelhos auditivos;

• Perdas sensoriais: causadas pela deterioração das células ciliadas internas, na cóclea, e/ou no nervo auditivo, o que impede a condução de impulsos nervosos do ouvido interno até ao cérebro. Este tipo de perda auditiva pode ser conseqüência de síndromes genéticas ou de comportamentos incorretos durante a gravidez, tais como o consumo de álcool ou drogas. Pode também, muitas vezes, ser corrigido utilizando aparelhos auditivos. Perdas sensoriais revelam-se também como resultado de exposições prolongadas a níveis de intensidade sonora elevada (trauma acústico), níveis esses que geralmente podem e devem ser evitados! O termo trauma acústico é também utilizado para referir exposições curtas mas de intensidade muito violenta para o ouvido, tendo também como conseqüência perdas sensoriais. Algumas infecções graves como o sarampo, a parotidite, a meningite e a coqueluche podem também causar este tipo de perdas!

As perdas auditivas podem também ser classificadas pelo seu grau de gravidade em perdas mínimas, suaves, moderadas, severas e profundas. O grau de severidade é determinado pelo nível de intensidade sonora que alguém pode ouvir sem a ajuda de uma aparelho auditivo.

• Perdas mínimas: estas pessoas têm poucas dificuldades em ouvir pois a mais baixa intensidade que percebem é da ordem dos 11dB. Uma pessoa normal consegue ouvir intensidade sonoras a partir dos 0dB;

• Perdas suaves: pessoas com perdas suaves conseguem ouvir intensidades sonoras de 20 a 40 dB ou mais elevadas. Estas pessoas têm dificuldades em perceber voz distante;

• Perdas moderadas: pessoas com este tipo de perdas conseguem ouvir sons a partir de 45dB. Isto significa que é difícil para estas pessoas ouvir alguém a falar e entender conversas em grupo;

• Perdas severas: quem sofre de perdas severas consegue apenas ouvir sons de intensidade superior a 65 dB. Estas pessoas conseguem apenas ouvir alguém a falar alto a distâncias muito pequenas, para além de perceberem sons de intensidade elevada no ambiente que as envolve;

• Perdas profundas:as intensidade de som que alguém que sofre deste tipo de perdas ouve são sempre superiores a 90 dB. O termo surdo aplica-se normalmente a pessoas que sofrem perdas deste grau ou pessoas que não ouvem absolutamente nada!

Quando nascemos temos aproximadamente 40000 células ciliadas, número este que vai diminuindo à medida que envelhecemos. O processo de envelhecimento afeta sobretudo a sensibilidade a freqüências superiores a 1000Hz. Note-se que, por exemplo, à idade de 70 anos, a perda à freqüência de 4000Hz atinge 60dB. É claro que estes valores são uma média, podendo verificar-se tanto situações não tão dramáticas como situações muito piores. Este cenário, ao qual não podemos escapar, poderá ser agravado caso não respeitemos as recomendações quanto aos limites máximos de exposição à poluição sonora. Esses limites podem ser consultados na tabela seguinte:

Valores de intensidade de pressão acústica Tempo máximo de exposição diária.
85 dB 8 horas
90 dB 4 horas
95 dB 2 horas
100 dB 1 hora
105 dB 30 minutos
110 dB 15 minutos
115 dB 7 minutos
120 dB 3 minutos
Maior do que 120dB Risco imediato de perdas auditivas irreversíveis

Pode notar-se nesta tabela que, para uma intensidade de 85 dB, o tempo máximo de exposição é de 8 horas. Este valor vai diminuindo para metade por cada aumento de 5dB. Repare-se também que o tempo máximo de exposição para uma intensidade sonora de 110dB é de 15 minutos. Esse valor é ainda mais impressionante quando notamos que em qualquer discoteca ou concerto a intensidade ultrapassa quase sempre essa intensidade (Tabela 2). Este valor é também muitas vezes encontrado em circunstâncias aparentemente tão inocentes como ouvindo um walkman ou o som de uma sala de cinema. A tabela seguinte apresenta alguns cenários, por ordem crescente do risco envolvido.

Intensidade de pressão acústica
10-20 dB 40-45 dB 60-65 dB 85-90 dB 100-120 dB 120-130 dB 140-... dB
Cenário Típico -Espaço aberto, sossegado.
-Barulho provocado pela respiração
-Tique-taque de um relógio
-Sussurro -Conversa em espaço aberto.
-Barulho de água a correr. -Ruído de tráfego citadino. -Ruído de maquinaria pesada.
-Batedeira de bolos.
-Aspirador.
-Motociclo a 5m.
-Fábrica ruidosa. -Escavadoras de pressão.
-Britadeiras.
-Música tão alta que é muito difícil conversar entre duas pessoas.
-Jato voando a baixa altitude.
-Barco a motor a 10m. -Concerto rock ao vivo
-Casa das máquinas de um navio. -Disparo de uma arma de fogo ou dinamite.
Sensação Parcialmente audível Som sossegado e agradável Ruído citadino normal A exposição prolongada pode provocar perdas irreversíveis O ruído provoca desconforto Para a maioria das pessoas este é o limiar da dor. Uma simples exposição pode causar perdas permanentes.

A exposição a ruído de intensidade superior à recomendada pode causar uma perda da audição temporária denominada de desvio temporário dos limiares, algo que um período de repouso e silêncio pode corrigir. Essa perda manifesta-se principalmente nas altas freqüências, sendo apercebida como um abafamento dos sons que pode ser acompanhada do chamado tinnitus, algo que acontece freqüentemente depois das duas primeiras horas de exposição.
Contudo, uma exposição regular e prolongada a intensidades de som acima das recomendadas pode causar um desvio permanente dos limiares de audição, algo que não é medicamente recuperável. Alguns estudos efetuados revelam diferenças de 25dB, a certas freqüências entre um adulto saudável de 30 anos e um outro que repetidamente esteve exposto a intensidades sonoras de 100dB.

Mas existem outros problemas associados à exposição a intensidades de ruído elevadas. Pessoas que vivem em ambientes barulhentos têm maior risco de ataques cardíacos, distúrbios psicológicos, problemas com o sono e sofrem geralmente de nervosismo, entre outros problemas.

3. Tinnitus
O tinnitus é uma sensaçãode ruído no ouvido (zumbidos) na ausência de qualquer sonoridade exterior, estando comumente associado a perdas auditivas. O principal sintoma é a presença de ruídos vibrantes, "atroadores", zumbidos, sons sussurrantes ou parecidos com assobios e que apenas quem sofre da doença ouve! Eles podem ser esporádicos, por vezes síncronos com a atividade cardíaca, ou contínuos, variando geralmente em intensidade e notando-se sobretudo quando a intensidade de som no ambiente é pequena.

Não se conhece com exatidão a causa do tinnitus, mas ele é um sintoma comum em muitos problemas auditivos como os que se seguem:
• Exposição prolongada a ruídos de intensidade elevada;
• Trauma acústico;
• Bloqueio do canal auditivo pelo acumular de cera;
• Infecções no ouvido;
• O tímpano perfurado;
• Um tumor no ouvido médio;
• Efeito secundário de mais de 200 medicamentos (aspirina, quinina, antibióticos, anti-inflamatórios, diuréticos, e antidepressivos), ditos ototóxicos;
• Surdez hereditária;
• Stress crônico ou problemas como tensão arterial elevada, anemia, problemas cardiovasculares, alergias.

4. Medidas de proteção:
Qualquer pessoa que se exponha a uma dose de ruído equivalente a 8 horas acima dos 85 dB, deve estar guarnecida de proteção adequada. Tal deve ser o caso de operários fabris, operadores de máquinas ou outras profissões de risco. Existem no mercado vários tipos de protetores que agem como barreiras ajudando a reduzir a potência das ondas sonoras que entram no ouvido. Essa redução assume regularmente valores entre cerca de 20 e 30dB. Estas proteções podem tornar-se algumas vezes incômodas por várias razões, algo que leva muitas pessoas a pô-las de parte. Eis alguns desses problemas:

• As proteções auditivas existentes no mercado atenuam muitas vezes mais do que o necessário para o ruído existente na indústria e no ambiente;
• A atenuação a altas freqüências é geralmente de 10 a 20 dB, o que torna muitas vezes difícil perceber a voz das pessoas;
• A voz do utilizador soa cavernosa para ele próprio.

Contudo, os modelos de protetores auriculares mais recentes são construídos com material esponjoso muito suave que se adapta confortavelmente à anatomia de cada um e que, após um pequeno período de adaptação, evitam as razões de desconforto anteriormente apontadas.
Independentemente desta discussão, é absolutamente consensual que a utilização de proteção auditiva é indispensável para a preservação de uma boa acuidade, quando as intensidades de som são superiores a 85 dB! Existe uma gama muito variada de protetores para os ouvidos. A tabela seguinte seguinte apresenta alguns exemplos.




Apesar da grande quantidade de proteções disponíveis no mercado, a melhor estratégia continua a ser simplesmente evitar a exposição prolongada a sons intensos. Convém também lembrar que os ouvidos estão sempre a trabalhar, sendo por isso necessário estarmos atentos para eventuais situações que possam por em causa a sua integridade.

Por último aconselha-se que, na ausência de proteção auditiva mais apropriada, o recurso a materiais vulgares e de fácil acesso como bolas de algodão, mas que não "agridam" fisicamente o canal auditivo, apesar de proporcionarem uma proteção muito modesta, não são de ignorar pois trazem sempre algum benefício.








sábado, 6 de dezembro de 2008




Music

A música é um dos principais elementos da nossa cultura. Há indícios de que desde a pré-história já se produzia música, provavelmente como conseqüência da observação dos sons da natureza. É de cerca do ano de 60.000 a.C. o vestígio de uma flauta de osso e de 3.000 a.C. a presença de liras e harpas na Mesopotâmia.

No panteão grego, por exemplo, Apolo é a divindade que rege as artes. Por isso vemos várias representações suas, nas quais ele porta uma lira. Vale lembrar que na Grécia Antiga apenas a música e a poesia eram consideradas manifestações artísticas da maneira como as compreendemos atualmente.

Música é uma palavra de origem grega - vem de musiké téchne, a arte das musas - e se constitui, basicamente, de uma sucessão de sons, entremeados por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo de um determinado tempo.

Assim, é uma combinação de elementos sonoros que são percebidos pela audição. Isso inclui variações nas características do som, tais como duração, altura, intensidade e timbre, que podem ocorrer em diferentes ritmos, melodias ou harmonias.
Características dos sons
Em música, a duração de um som está relacionada ao tempo, mas não como ele é medido, por exemplo, em um relógio. A relação entre o tempo de duração das notas musicais e o tempo das pausas cria o ritmo.

Altura é a forma como o ouvido humano percebe a freqüência dos sons. As baixas freqüências são percebidas como sons graves e as mais altas como sons agudos, ou tons graves e tons agudos. Tom é a altura de um som na escala geral dos sons.

Intensidade é a percepção da amplitude da onda sonora. Também é chamada, freqüentemente, de volume ou pressão sonora.

O timbre nos permite distinguir se sons de mesma freqüência foram produzidos por instrumentos diferentes. Por exemplo, quando ouvimos uma nota tocada por um saxofone e, depois, a mesma nota, com a mesma altura, produzida por um trompete, podemos imediatamente identificar os dois sons como tendo a mesma freqüência, mas com características sonoras muito distintas.

Tipos de instrumentos musicais

• Instrumentos de sopro: podem ser feitos de madeira, como, por exemplo, a flauta, o clarinete, o saxofone, o fagote e o oboé, embora algumas vezes possuam metal e plástico em sua composição.

Os instrumentos de sopro de madeira se distinguem dos instrumentos de sopro feitos de metal pela forma como o som é produzido: pela vibração do ar em um tubo oco. O ar vibra soprando-se no bocal - no caso da flauta -, ou através de uma palheta simples - no clarinete e no saxofone -, ou de uma palheta dupla - no caso do oboé e do fagote.

Os instrumentos de sopro feitos de metal são produzidos com latão e o som nasce da vibração dos lábios do músico no bocal, o que faz com que o ar vibre dentro do tubo. Nesse grupo encontramos o trompete, o trombone, a corneta, a trompa e a tuba.
• Instrumentos de corda: o som é produzido pela vibração de uma ou mais cordas esticadas, através de fricção (violino, violoncelo, contrabaixo) ou de dedilhado (harpa, lira, violão, guitarra).
• Instrumentos de teclas: o som é produzido por meio de um teclado que faz vibrações no ar (órgão de tubo) ou em cordas (piano). Uma curiosidade: a parte interna de um piano possui um mecanismo com mais de 6.000 peças - cada tecla aciona um martelo revestido de feltro que bate numa corda de aço, produzindo um som.
• Instrumentos de percussão: os sons são produzidos percutindo, sacudindo, raspando ou batendo um elemento contra o outro. São exemplos de instrumentos de percussão: xilofone, vibrafone, gongo (ou tantã), triângulo, címbalo, castanholas, claves, maracas e tambores.
Os tambores consistem em uma pele ou um plástico esticados sobre uma ou duas molduras. Podem ser divididos em três grandes grupos, de acordo com sua forma: fuste estreito (pandeiro), semi-esféricos (timbales) e cilíndricos (conga). Podem ser tocados utilizando-se as mãos, baquetas, escovinhas ou varetas de ferro.
• Instrumentos eletrônicos: geram sinais eletrônicos que são amplificados e convertidos em sons. Por exemplo: teclado, sintetizador, bateria eletrônica, sampler etc.

Dicas de livros
• A música dos instrumentos - das flautas de osso da pré-história às guitarras elétricas. São Paulo, Melhoramentos, 1994.
• Dicionário visual de música. Susan Sturrock, São Paulo, Global, 2000.
• Todo povo tem a sua música
• Valéria Peixoto de Alencar*




• Povos do mundo todo produziam música muito antes das primeiras orquestras, surgidas durante o barroco europeu, no século 16, e mesmo muito antes do século 11, quando Guido d'Arezzo criou a notação musical da forma como a estudamos até hoje. Feitas para cerimônias religiosas ou festivas, essas primeiras músicas, de diferentes culturas, nos influenciam até os dias atuais.

Vários mitos africanos, asiáticos e americanos narram como os deuses inventaram os instrumentos musicais, durante a criação do mundo. Ainda hoje, para alguns povos, os instrumentos têm poderes sobrenaturais e permitem que os homens se comuniquem com seus ancestrais ou com os próprios deuses.

Quando pensamos em músicas antigas, logo vem à mente a música clássica, as orquestras e seus instrumentos requintados. Dificilmente paramos para pensar na produção musical de povos indígenas, africanos, orientais... Isso talvez ocorra porque temos uma formação artística e musical proveniente do neoclassicismo, que, durante longo tempo, ignorou outro tipo música que não fosse a erudita.

• África
• É preciso salientar, primeiramente, que, ao falarmos de um grande continente, com povos muito diversos, corremos o risco de fazer generalizações. Ou seja, seria o mesmo que dizer que a música brasileira é apenas o samba. E isso vale para todos os lugares e culturas de que falaremos aqui.

No caso da África, nos referimos aos povos da região subsaariana e aos elementos da musicalidade que vieram até nós, trazidos pelos escravos. Um dos elementos principais da música africana é o instrumento de percussão.

Na África central, podemos encontrar um elemento comum entre as diversas tradições musicais: tambores, de todos os tipos e tamanhos. Desde cedo as crianças aprendem a tocar e cantar, pois a música é parte do cotidiano, utilizada para celebrar casamentos e nascimentos, para curar doenças e para acompanhar o trabalho.

A cultura brasileira sofreu enorme influência da africana. No que se refere à música, além dos tambores utilizados em rituais religiosos, os escravos trouxeram ritmos como a umbigada e o maxixe, que deram origem ao samba.

• Oriente Médio
• Berço das religiões cristã, judaica e islâmica, o Oriente Médio é a região em que se desenvolveram as primeiras grandes civilizações de que temos notícia: Suméria, Assíria, Babilônia e Egito. É lá que encontramos os antecedentes de instrumentos modernos, como o violino, o oboé e o trompete.

• Índia
• Dó, ré, mi, fá, sol, lá e si: estas são as sete notas musicais que conhecemos. E a partir delas construímos as escalas e fazemos música em qualquer momento, certo? Sim, mas não na Índia.

A música clássica indiana mais conhecida provém da Região Norte desse país. Ela se baseia numa complicada série de escalas chamadas ragas, cada uma destinada a uma situação, a uma hora do dia ou estação do ano em particular. Existem mais de 200 ragas diferentes. Para tocar esse tipo de música, com seu complexo padrão de notas e ritmos, o músico tem que se dedicar a muitos anos de estudo.

• Extremo Oriente
• Região formada por países de tradições musicais milenares, grande parte de sua música era escrita para danças da corte ou para o teatro. Também há músicas de cunho religioso, com instrumentos de percussão de todos os tipos - tambores, gongos e sinos -, usados para aplacar os deuses e afastar os demônios.

• Oceania e ilhas do Pacífico
• As milhares de ilhas espalhadas pelo Oceano Pacífico possuem uma tradição musical intimamente ligada ao mar, servindo, inclusive, para pedir aos deuses auxílio na navegação.

No passado, os povos que viviam nessa região viajavam de ilha para ilha, levando consigo seus instrumentos - tambores, flautas e apitos. Dessa forma, povoaram as diversas ilhas, como Papua-Nova Guiné e Havaí.

• Américas
• Assim como em todas as regiões descritas até agora, temos que nos lembrar da vastidão do continente americano e da imensa quantidade de povos indígenas que o habitava antes da colonização européia.

Ainda assim, podemos encontrar elementos musicais comuns em muitas culturas. A música, por exemplo, na maioria das vezes era cantada e expressava a crença desses povos nos deuses relacionados à natureza.

No Brasil, alguns mitos narram que a música teria sido um presente dos deuses, entristecidos com o silêncio no mundo dos humanos. Em outras lendas, a criação do mundo se mistura à criação da música. Assim, a música serve para ter contato com os deuses e os ancestrais. Num ritual, um discurso pode acabar em canto - ou vice-versa. Além da voz (canto), temos instrumentos como: chocalhos, guizos, bastões, tambores (percussão), apitos e flautas (sopro) - e zunidores.

• Da Idade Média ao Romantismo

• Todas as pessoas que tiveram algum contato com teoria musical, ainda que pequeno, conhecem as notas musicais e o sistema de notação, um tipo de escrita que pode ser considerado como o texto da música.

E qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, que conheça esses códigos, pode executar a música, tendo em mãos a partitura (um conjunto de notações musicais, impressas ou manuscritas, que mostra a totalidade das partes de uma composição musical).

Esse sistema de notação musical em pautas (conjunto de linhas paralelas para se escreverem as notas) surgiu durante a Idade Média, na Europa, por volta do ano 1000, e foi inventado por Guido d'Arezzo, um monge beneditino.


Exemplo de escala musical

Durante a Baixa Idade Média, a Igreja desenvolveu um tipo de música conhecida como cantochão, inspirada nos antigos cânticos judaicos. Era cantada em uníssono e sem acompanhamento de um instrumento.

Com a invenção de Guido d'Arezzo, a música ocidental afastou-se das tradições do Oriente Médio e desenvolveu a harmonia, isto é, quando duas ou mais notas são escritas para serem tocadas simultaneamente, formando um acorde.

Durante os séculos 12 e 13 é marcante a figura dos trovadores, músicos-poetas que cantavam histórias de amor e cavalaria.

Guillaume de Machaut tornou-se famoso, em meados do século 14, pela harmonia e beleza de suas músicas. Podemos dizer que, pela primeira vez na história, os compositores foram reconhecidos como artistas.

• Música no Renascimento

• O período conhecido como Renascimento é posterior à Idade Média e trouxe a idéia de renovação, ressurgindo os interesses em relação à cultura clássica.

Foi um período de renovação e inovação em diversas áreas da produção humana, e não seria diferente com a música, que era composta por várias linhas melódicas ou vozes, cantadas ou tocadas ao mesmo tempo: a música polifônica.

Nessa época, as igrejas Católica e Protestante apresentaram novas canções aos fiéis, mais fáceis de serem acompanhadas durante as cerimônias. A música não religiosa também adquiriu importância. Aprender a ler e interpretar música fazia parte da educação da aristocracia.


• Música Barroca
• No período barroco a música foi se tornando cada vez mais complexa, exigindo grande habilidade dos executores, dos músicos e dos cantores.

Dentro das características barrocas, a música tornou-se mais dramática, acentuando os contrastes entre forte e fraco, rápido e lento. O italiano Cláudio Monteverdi (1567-1643) é considerado o primeiro grande compositor de óperas, expressão artística que encontrou no barroco um modo perfeito de unir drama e paixão.

Um dos principais compositores de música barroca foi o alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750).


• A música clássica
• É denominada música clássica a produção feita no período seguinte ao barroco, conhecido nas artes visuais como neoclassicismo.

O resgate da estética clássica grega fez com que as pessoas passassem a preferir um estilo de música mais sóbrio e equilibrado. Algumas formas musicais do barroco permaneceram populares e se adaptaram ao novo gosto e aos novos instrumentos. O concerto foi uma forma de adaptação e consiste na apresentação de um instrumento solo acompanhado por uma orquestra.

São importantes compositores desse período o austríaco Wolfgang Amadeu Mozart (1756-1791) e o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827), que compôs uma música mais dramática e com fortes traços pessoais, características que iriam dominar o século 19.


• Música romântica
• Com Beethoven temos uma mudança expressiva em relação ao estilo clássico: é o romantismo, que se voltou a temas como a beleza na natureza e a imaginação. Nesse mesmo período também houve um interesse pela música produzida durante a Idade Média.

Importantes compositores deste período são: Franz Schubert (1797-1828), Hector Berlioz (1803-1869), Frédéric Chopin (1810-1849), Franz Liszt (1811-1886), Richard Wagner (1813-1883) e o compositor de óperas Giuseppe Verdi (1813-1901).


• Dica de site
• Para saber mais sobre a história das notas musicais, visite a página do Departamento de Composição, Literatura e Estruturação Musical da Universidade Federal da Bahia.

domingo, 30 de novembro de 2008

Sons

Sons "Contagiantes"
Adriana Alves

Sabia que as músicas têm efeito sob nosso estado emocional, nossa motivação? Pois é! Eu supunha... Pesquisei e li comprovações científicas de que os ritmos e sons podem alterar as batidas do nosso coração, nosso fluxo sanguíneo e conseqüentemente nosso estado de ânimo.
As leis naturais que governam a química de nossos corpos e mente têm sido estudadas com experimentos científicos medindo o efeito da música e o estímulo nas respostas fisiológicas da nossa pulsação e resistência elétrica da pele.
Hitler quis acabar com as influências da música negra (Jazz), estabelecendo normas para determinar o que constituía a música ideal para o povo alemão. Interessante é que exatamente após sua queda surgiu o Rock and Roll com ritmos mais pesados que as batidas do Jazz... E também com um caráter mais agressivo.
Ondas Sonoras e o Cérebro
Enquanto ouvimos uma música, suas ondas sonoras (vibrações) alcançam o tímpano do ouvido transformando-se em substâncias químicas e impulsos nervosos que registram em nossas mentes os diferentes tipos de som que estamos ouvindo. Como as raízes dos nervos do ouvido são extensamente distribuídas e possuem mais ligações que qualquer outro em nosso cérebro, nos nossos corpos, todas as funções de nosso organismo são influenciadas.
Elevando-se através do tálamo - área estacionária que rege todas as emoções, sensações e sentimentos - a área mestra do cérebro (razão) é automaticamente invadida. Estudos têm revelado que o impacto da música no sistema nervoso altera as batidas do coração, respiração, pressão sanguínea, digestão, balanço hormonal, temperamentos, atitudes além de liberar adrenalina. As reações podem variar em cada indivíduo, mas o resultado é sempre único.
Ritmo Musical e Ritmo Corporal
Van de Wall no seu livro "Music in Hospitals" explica que as vibrações sonoras causam contrações e colocam em movimento braços, mãos, pernas e pés automaticamente. Em testes com com determinados pacientes houveram movimentos involuntários, sendo necessária a retenção muscular consciente do paciente.
Somos essencialmente criaturas rítmicas. Tudo, desde o ciclo das ondas do nosso cérebro às batidas do coração, nosso ciclo digestivo, ciclo do sono... Tudo trabalha com ritmos.Todo ser humano funciona de acordo com o ritmo do tempo. Existem até alguns outros estudos indicando que pessoas parecem funcionar melhor quando se associam com pessoas que têm ritmo ("tempo") semelhante. Realmente, se observarmos, podemos perceber certo incômodo quando lidamos com pessoas aceleradas ou muito vagarosas, se comparadas ao nosso "ritmo".
Nossos processos não são acidentais. Todos os nossos ciclos essenciais cooperam harmoniosamente com todas as outras funções do corpo.
Quando somos expostos a determinados ritmos as células de nosso cérebro alteram nossos hormônios sexuais e a nossa adrenalina. Alguns exemplos? As músicas Indianas, o Samba, o Rock and Roll...Claro que nem percebemos estas alterações, e até pensamos que são coisas da nossa personalidade... Desejos muito nossos... Aliás, a indústria fonográfica trabalha e desenvolve algumas mensagens abaixo dos 10 decibéis (que não podemos compreender com a consciência) com mensagens específicas. A música pop rock que nos dá a sensação de liberdade, sensação de descompromisso, "imortalidade"... E as suas batidas se assemelham com as do nosso corpo...
Por isso, pense bem antes de se colocar ao alcance destes sons!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A Voz infantil

A VOZ INFANTIL
Beth Amin


Voz falada e voz cantada são mecanismos distintos. A voz cantada é um mecanismo muito mais sofisticado sob o ponto de vista neurofisiológico. O seu treino é primordial para o canto saudável. Trabalhar com vozes infantis é um desafio e merece por parte do regente e/ou professor de canto, atenção especial. A laringe infantil NÃO É MINIATURA da laringe do adulto, e, portanto não está apta às mesmas tarefas. No bebê, a laringe é um órgão primordialmente relacionado à proteção das vias áreas. É um órgão extremamente efetivo para a proteção e muito pobre para a fonação. Neste período a criança ainda está aprendendo a lidar com a deglutição e a respiração. Com o tempo, desenvolverá a complexidade neuro-funcional necessária para a fonação.

Principais diferenças da laringe da criança, se comparada à do adulto:
1. Morfológicas: as cartilagens são mais próximas, a cartilagem tireóidea é mais arredondada, a epiglote é em forma de ômega, a dimensão anterior da laringe á mais curta e as pregas vocais são menores.
2. Histológicas: as cartilagens são mais maleáveis e flexíveis, a mucosa das pregas vocais não é diferenciada em camadas, com as do adulto, a porção membranosa é menor (porção fonatória igual à porção cartilagínea), fibras musculares ainda em desenvolvimento.
3. Topográficas: no recém nascido situa-se na altura da 3° vértebra cervical, descendo na infância até o equivalente à 5º ou 6º vértebra cervical.
É uma laringe mais frágil. Apesar da grande capacidade de recuperação, a laringe infantil não pode sofrer traumas freqüentes que venham a prejudicar seu desenvolvimento e conseqüentemente comprometer a longevidade vocal desta criança.
O choro do bebê é uma importante fonte do desenvolvimento da voz falada e da voz cantada. A espécie humana é a única que emite som ao nascer. Até a puberdade, a laringe estará se desenvolvendo, com fases de desenvolvimento e fases de descanso. O ensino o canto deve respeitar as limitações do desenvolvimento vocal. Na criança, a voz de peito pode ser usada com muita cautela, dando-se preferência ao uso da voz de cabeça. O trabalho com a respiração também deve ser gradual, sem grandes exigências de duração ou de força. Durante a puberdade as crianças sofrem uma grande transformação hormonal e a laringe se transforma mais drasticamente nos meninos. As pregas vocais dos meninos podem aumentar em até um centímetro e a freqüência fundamental (F0) baixar em até uma oitava. Este é um período de grande instabilidade e a resistência vocal nesta fase é bem frágil. Deve-se ter cautela com estes jovens adolescentes e um cuidado individual nesta fase, é indispensável.
Os problemas vocais na infância estão relacionados:
1. Às alergias em geral: rinites, bronquites, asmas, etc, que podem causar falta de sono, irritabilidade, problemas alimentares,
2. Aos abusos vocais: crianças muito ativas, que falam alto e gritam demais, devem ser observadas de perto e encaminhadas, se a voz for rouca e grave demais. Muitas vezes um profissional especializado deve ser procurado para orientar e/ou atender a criança, se necessário.
Especialistas indicam cautela no trabalho com a voz cantada, no sentido de se buscar repertório adequado, com exigências compatíveis ao desenvolvimento vocal e musical da criança. O instrumento está em desenvolvimento e necessita de treino adequado para continuar seu crescimento de maneira saudável. Os adolescentes podem precisar de atenção especial para lidar com o novo instrumento vocal e conseqüentemente com a nova voz. As estratégias que usava anteriormente na produção da voz cantada podem não funcionar depois da mutação.
Cantar em coral, é uma atividade muito saudável, estimula a socialização, a responsabilidade, a autocrítica e a auto-estima.
Os regentes devem ser bons modelos vocais e se possível, serenos na lida com estes pequenos cantores. O coro é o espelho do regente. Se o regente é ansioso, muito provavelmente atingirá seus cantores negativamente. Deve também ter cuidado com a própria voz, para poder cuidar da voz dos seus pequenos cantores.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ilusão Musical

Ilusão Musical
Daniel Levitin

Imagine que você colocou uma fronha de travesseiro bem esticada na boca de um balde, e várias pessoas começam a jogar ali, de diferentes distâncias, bolas de pingue-pongue. As pessoas podem jogar quantas bolinhas quiserem e com qualquer freqüência. O seu trabalho é adivinhar, apenas olhando o movimento da fronha para cima e para baixo, quantas pessoas estão ali, quem são elas e se elas estão se aproximando de você, se distanciando ou estão paradas. Essencialmente, este é o problema com o qual o seu sistema auditivo precisa lidar quando usa o tímpano como a porta de entrada da audição.
O som é transmitido através do ar por moléculas que vibram em certas freqüências. As moléculas bombardeiam o tímpano, fazendo com que ele se agite para dentro ou para fora, dependendo da força com que batem no tímpano (relacionada ao volume ou à amplitude do som) e da velocidade na qual estão vibrando (relacionada àquilo que chamamos de altura [grave ou agudo]). Mas não há nada na estrutura das moléculas que possa dizer ao tímpano de onde elas vieram, ou qual delas está associada com qual objeto. Vozes podem estar misturadas a outras vozes ou ao som de máquinas, do vento, ou de alguém pisando no chão. Na maioria das vezes o som recebido pelo tímpano é incompleto ou ambíguo. Então, como o cérebro descobre, no meio dessa mistura de moléculas batendo contra uma membrana, o que está acontecendo no mundo?
A maioria das pessoas presume que o mundo é exatamente como mostra sua percepção. Entretanto, experimentos têm forçado pesquisadores, inclusive a mim mesmo, a confrontar a realidade de que as coisas não são bem assim. Aquilo que realmente ouvimos é o final de uma longa cadeia de eventos mentais que cria uma impressão – uma imagem mental – do mundo físico. Em nenhum lugar isso é mais impressionante do que na ilusão perceptiva na qual nosso cérebro impõe estrutura e ordem em uma seqüência de sons para criar o que chamamos de música.
A cadeia de eventos mentais começa com um processo chamado de "extração de características". O cérebro extrai da música características básicas e de baixo nível, usando redes neurais especializadas que decompõem o sinal sonoro em informações relacionadas à altura, timbre, localização espacial, intensidade, reverberação do ambiente, duração tonal e o tempo de ataque para diferentes notas (e para componentes tonais diferentes). Esse processamento em baixo nível de elementos básicos ocorre nas partes periféricas e filogenéticas de nossos cérebros. Depois, ocorre um processo chamado de "integração". Partes superiores do cérebro – mais freqüentemente o córtex frontal – recebem as características básicas das regiões inferiores e trabalham para integrá-las em uma percepção completa.
O cérebro enfrenta três dificuldades na "extração de características" e na "integração". Primeiro, a informação que chega aos receptores sensoriais é indiferenciada em termos de localização, fonte e identidade. Segundo, a informação sonora é ambígua: diferentes sons podem gerar padrões de ativação similares ou idênticos ao atingirem o tímpano. Terceiro, a informação sonora raramente é completa. Partes do som podem vir encobertas por outros sons, ou se perderem. O cérebro tem que fazer um cálculo estimado do que realmente está acontecendo no mundo. Assim, a percepção auditiva é um processo de inferência. E quando a origem do som é musical, as inferências incluem muitos fatores, que vão além dos próprios sons: o que veio antes deste trecho musical que estamos ouvindo; o que nos lembramos que virá em seguida, o que esperamos que virá em seguida, se conhecemos o gênero ou o estilo musical; e quaisquer outras informações adicionais que possamos ter, como o resumo que lemos da música, um movimento repentino de um artista ou um cutucão dado pela pessoa sentada ao nosso lado.
Portanto, o cérebro constrói uma representação da realidade, baseada tanto nos componentes do que efetivamente ouvimos, quanto em nossas expectativas do que achamos que deveríamos estar ouvindo. Existem boas razões para que o cérebro funcione assim – um sistema perceptivo que é capaz de restaurar informações perdidas pode nos ajudar a tomar decisões rápidas em situações de ameaça – mas isso não acontece sem desvantagens. As associações cerebrais, integradas nas partes superiores do cérebro, podem nos levar a uma percepção equivocada das coisas, através da reorganização de alguns dos circuitos nos processadores cerebrais inferiores. Isto é, em parte, a base neural para as ilusões perceptivas, como aquela demonstrada pelo psicólogo da cognição, Richard Warren, da Universidade de Wisconsin. Ele gravou uma frase: "O projeto de lei passou pelas duas assembléias legislativas". Depois cortou da fita uma parte da frase e colocou em seu lugar uma explosão de "barulho branco" (estática), de mesma duração. Praticamente todos que ouviram a gravação alterada disseram que ouviram, ao mesmo tempo, o resto da frase e a estática. Uma proporção grande de pessoas não pôde dizer quando a estática aconteceu, porque o sistema auditivo havia preenchido a parte da frase que estava faltando. Assim, a frase pareceu a eles como se não estivesse interrompida.
Este fenômeno de preenchimento não é apenas uma curiosidade científica. Compositores musicais exploram o mesmo princípio, sabendo que a nossa percepção de uma linha melódica irá continuar, mesmo que partes dela sejam obscurecidas por outros instrumentos. Esse fenômeno também acontece sempre que ouvimos as notas graves de um piano ou de um contra-baixo. Não estamos realmente ouvindo 27.5 ou 35 hertz, porque esse tipo de instrumento é incapaz de produzir energia suficiente para fazer soar essas freqüências ultra graves. Ao invés disso, nossos ouvidos preenchem a informação, dando-nos a ilusão de que a altura é tão grave. MÚSICA NA MENTE

A atividade musical envolve envolve quase todas as regiões cerebrais conhecidas e quase todos os subsistemas neurais
A audição da música começa com as estruturas subcorticais (abaixo do córtex) - o núcleo cloclear, o bulbo cerebral, o cerebelo - e então se move para cima, para os córtex auditivos, de ambos os lados do cérebro.
Ao acompanharmos músicas que conhecemos, ou que sejam de um estilo ao qual somos familiarizados, regiões adicionais são mobilizadas, incluindo o hipocampo - o centro da memória - e subseções do lobo frontal, particularmente o córtex frontal inferior.
Acompanhar o ritmo da música, quer em voz alta ou somente em nossa mente, envolve os circuitos de tempo do cerebelo.
A execução musical envolve os lobos frontais para o planejamento, o córtex motor na parte posterior do lobo frontal e o córtex sensorial, o qual fornece respostas táteis.
A leitura musical envolve o córtex visual, localizado na parte mais traseira do cérebro, no lobo occipital.
Ouvir ou lembrar-se da letra invoca os centros da linguagem, incluindo as áreas de Broca e Wernicke, bem como outros centros de linguagem nos lobos temporal e frontal.
As emoções que experimentamos em resposta à música envolvem estruturas que estão nas regiões instintivas do verme cerebelar e da amídala - o coração do processamento emocional no córtex.

A maioria das gravações contemporâneas contém outro tipo de ilusão auditiva. Nossos cérebros usam sugestões relacionadas ao espectro de som e os tipos te ressonâncias para dizer-nos sobre o mundo auditivo ao nosso redor, assim como um rato usa seus bigodes para aprender sobre o mundo físico que o cerca.
Engenheiros de som aprenderam a imitar essas sugestões com a intenção de inserir nas gravações uma qualidade de "mundo real", mesmo quando estas foram gravadas em estúdios sem qualquer reverberação. Reverberação artificial faz com que os sons de um vocalista ou de um guitarrista pareçam vir da parte de trás de uma sala de concerto, mesmo quando estamos ouvindo aquela música com fones de ouvido, quando o som está a apenas alguns centímetros de nossos ouvidos. Os mesmo princípios podem gerar truques sonoros, como aquele que faz com que um violão soe como se tivesse 3 metros de largura, e seus ouvidos estivessem exatamente onde onde fica a abertura acústica (boca).
Efeitos Especiais
Gravações musicais nos permitem experimentar outras impressões sonoras que nunca teríamos no mundo real. Engenheiros de som e músicos criam efeitos especiais que enganam nosso cérebro por simular circuitos neurais especializados em discernir características importantes de nosso ambiente auditivo. Por exemplo, nosso cérebro pode estimar o tamanho de um espaço fechado tendo como base a reverberação e o eco presentes no sinal sonoro que atinge os nossos ouvidos. Mesmo que poucos de nós consigamos compreender as equações necessárias para descrever como os ambientes são diferentes uns dos outros, todos poderíamos dizer se estamos em um banheiro pequeno e apertado, ou em uma sala de concerto de tamanho médio, ou em uma imensa igreja, com tetos bem altos. E podemos também dizer o tamanho da sala que um cantor ou um narrador está, quando ouvimos suas vozes gravadas. Engenheiros de som exploram essa habilidade para criarem o que chamo de "hiper-realidades", brincando com nossa percepção sonora de espaço de forma equivalente aos truques cinemtográficos, onde uma câmera é montada no pára-choque de um carro em alta velocidade.
Outra ilusão sonora envolve o tempo. Nosso cérebro é delicadamente sensível às informações sobre o tempo. Somos capazes de localizar objetos no mundo baseados em diferenças de apenas alguns milissegundos entre o momento da chegada do som em um ouvido, em relação ao outro. Muitos dos efeitos sonoros que gostamos de ouvir em músicas gravadas são baseados nesta sensibilidade. Os sons realizados pelo guitarrista de jazz Pat Metheny ou os de David Gilmour, do Pink Floyd, utilizam múltiplos atrasos de sinal, que são capazes de criar um ambiente etéreo e um efeito inesquecível, que acionam partes de nosso cérebro de formas que os seres humanos nunca experimentaram antes, simulando o som de uma caverna fechada com múltiplos ecos de uma maneira que nunca aconteceria no mundo real – é o equivalente sonoro do espelho do cabeleireiro, que repete imagens infinitamente.
Talvez a ilusão musical mais importante, todavia, é aquela relacionada à estrutura e à forma. Não há nada em uma seqüência de notas que possa criar a riqueza de associações emocionais que sentimos na música. Não há nada em uma escala, um acorde, ou uma seqüência de acordes que, intrinsecamente, nos leve a esperar uma resolução.
Nossa habilidade de dar sentido à musica depende da experiência e das estruturas neurais que aprendem sobre os sons e podem se auto-modificar a cada vez que uma nova canção ou um trecho musical são ouvidos, ou ainda a cada vez que ouvimos uma música que já conhecemos. Nosso cérebro aprende sobre um tipo de gramática musical que é específica de nossa cultura, assim como aprendemos a falar a língua do país em que nascemos. Esse fenômeno se torna a base para nossa compreensão musical e, finalmente, a base para o que gostamos nas músicas, qual música nos toca, e como a música nos toca.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O que é Musicoterapia?

O Que é Musicoterapia?

Cláudia Drezza Murakami


O que é musicoterapia?

“Musicoterapia é a utilização da música e ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um paciente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.

A musicoterapia objetiva desenvolver potenciais e/ ou restabelecer funções do indivíduo para que ele / ela possa alcançar uma melhor integração intra e / ou interpessoal e, em conseqüência, uma melhor qualidade de vida, pela prevenção, reabilitação ou tratamento.” - Federação Mundial de Musicoterapia, 1996

Como funciona?

A Musicoterapia só pode ser realizada por um profissional graduado em Musicoterapia. Ela não é uma terapia alternativa como muitos pensam!! É uma intervenção terapêutica não-verbal, cujo objeto formal de estudo é o comportamento sonoro do indivíduo.

As sessões podem ser individuais ou em grupo, uma ou duas vezes por semana; tudo irá depender do objetivo proposto para o processo terapêutico. Antes de iniciar o tratamento, o paciente irá passar por algumas etapas de diagnóstico como:

· Entrevista inicial - onde obtemos informações para o tratamento sobre “a história sonora” do paciente e a “Queixa Principal”

· Ficha Musicoterapêutica - onde colhemos dados sobre o mundo sonoro-musical do indivíduo, desde sua vida intra-uterina, suas preferências e recusas sonoras e musicais

· Testificação Musical, onde colhemos dados da manifestação sonoro-musical do paciente (o paciente irá tocar ou manipular o instrumento como desejar e qual desejar)

· Teste projetivo sonoro musical - onde verificamos a reação do paciente em relação a determinadas músicas / sons, com significados simbólicos pré- estabelecidos. Também avaliamos as capacidades e habilidades corporais, motoras e cognitivas do paciente antes de concluir o diagnóstico inicial.

A musicoterapia também trabalha interagindo com diversos profissionais como: psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, etc.

Quais as doenças que o método pode curar?

A Musicoterapia, sendo uma terapia complementar, pode tratar várias patologias exceto a eplepsia musicogênica.

Veja algumas aplicações da Musicoterapia:

· Educação especial

· Reabilitação

· Psiquiatria

· Geriatria

· Obesidade

· Depressão

· Fobia

· Ansiedade

· Stress

· Patologias

· Dificuldade de aprendizagem

· Acompanhamento às mães e pais no pré-natal; método "mãe canguru"

· Estimulação essencial com bebês em escolas, creches e outras instituições

· Atendimento em escolas para crianças com T.D.H (hiper-atividade)

· Atendimento a deficientes mentais e sensoriais;

· A.V.C. (derrame)

· Clínicas e hospitais na área da saúde mental

· Assistência a deficientes em instituições de reabilitação

· Empresas como prevenção, favorecendo melhor desempenho dos funcionários

· Spas - auxiliando a redução de ansiedade.

Também serve para tratamentos psicológicos?

Sim, serve para tratamentos psicológicos. Porém nem sempre o foco é psicológico, vai depender da “queixa principal” do paciente.

Pacientes de qualquer idade podem fazer o tratamento?

Sim, podemos trabalhar com gestantes, bebês, crianças, adolescentes, adultos e 3ª idade.

Quanto tempo leva cada tratamento? É feito com medicamentos, dependendo do caso?

Cada tratamento é único, ou seja, o tempo de tratamento só irá depender do retorno que o paciente der ao musicoterapeuta nas sessões. Quanto à pergunta se o tratamento de musicoterapia é feito com medicamentos, a resposta é Não! O musicoterapeuta não está autorizado nem habilitado para medicar, se o paciente tiver que fazer uso de medicação deverá ser receitado por seu médico.

Como alguém se torna um musicoterapeuta?

Musicoterapia é uma área da saúde. Para atuar, é necessário formação superior. O curso de graduação em musicoterapia tem duração de 4 anos e pode ser encontrado, em São Paulo, nas faculdades FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) e FPA (Faculdade Paulista de Artes).